Pelo jeito dela, pelo dengo, pela simpatia...

Minha avó, já velhinha, durante o período em que realizou uma operação do coração, teve que tomar uma anestesia. Após a operação, quando ela estava se recuperando da anestesia (ainda "grogue"), foi acometida de algumas lembranças de infância. Específicamente lembrando que dançava côco quando era menina.

Em cima da maca, ela desafiou a enfermeira:

- Tu sabe dançar côco? Eu sei! Quer ver?

E tome umbigada!

Depois disso, durante o período de recuperação no quarto do hospital, contamos a estória pra ela (minha avó) e ela riu. Mas quando a enfermeira aparecia no quarto, ela fingia que tava dormindo, envergonhada.

Lula Queiroga, em seu primeiro disco, fez uma música que simboliza, pra nós -- minha família -- o espírito dela. E, por essa estória e por outras de encorajamento de casamentos (nosso, ou de quem fôsse), minha "newbente" eventualmente chora quando escuta a música, lembrando dela:

Todo santo dia ela ia
Ela ia lá me chamar
Pra dançar côco
A beirada da saia querendo rodar.

Pelo jeito dela
Pelo dengo, pela simpatia
Se eu caio na roda
Essa moça pode me segurar.

Aí ela vai querer que eu deixe de ir pro samba
Aí ela vai querer que eu não vá na ciranda de Lia
Aí ela vai querer que eu não saia de perto dela
E eu olhando pra beira da saia querendo rodar.

Ah, se eu vou.

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